sábado, 8 de abril de 2017

Não é nada disso



Todos os dia saía de casa arrastando correntes, não gostava de estar lá fora tendo que conviver com outras pessoas, não gostava do meu trabalho porque me sentia inútil sentia-me inútil em ser assistente social,  por ser comerciante, por dar  aulas de filosofia no programa de educação de jovens e adultos. Um medo constante me rondava, nunca fui tímida, me expressava de modo alegre e encarava tudo como se fosse a coisa mais importante do mundo, vestia a camisa do trabalho e me empenhava, comprava briga para defender tudo que acreditava ser importante e justo. Tudo isso parecia ser sincero, sei lá acho que até era. Quando voltava pra casa, minha cabeça ficava rodando com discursos e falas que seriam importantes e que deixei de dizer. Ficava pensando naquela frase brilhante que eu poderia ter dito e que poderia ter mudado a história toda.Mas era tudo inútil

Meu maior desejo naquele momento era ser dona de casa, pensava que seria o maior desafio de todos, uma pessoa dar conta de limpar, cozinhar, arrumar, cuidar de fato dos filhos em todos os sentidos, da alimentação nutritiva à formação moral e ética, passando é claro pela importância de usar a intelectualidade sempre. Ter filhos inteligentes, sensíveis, com senso de justiça e  crítico. Pensava eu comigo, não quero focar no consumo de objetos, quero consumir cultura, quero ter uma casa simples mas com pessoas capazes de ler a realidade e entender o passado, queria aquele tipo de família que não cai em armadilhas de religiões ou partidos políticos. Nunca quis ser rica, queria ser esta dona de casa.

Sou uma dona de casa! Consegui executar aquilo que eu julgava ser  tarefa para uma super-mulher. Me sinto sozinha e inútil kkkkkkkkk

Agora reclamo porque não sei escrever, não sou atriz, modelo ou bailarina, não sei falar inglês, francês e nem espanhol ( não consigo segurar o kkkkkkkk).

Tudo continua inútil, as correntes permanecem a minha cabeça continua a rodar.